segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Consoada

(inspirada na xará de M.Bandeira.)

Quando a indesejada da gente chegar
(Não sei se dura ou caroável
[talvez dura fingindo-se caroável
{como sempre}])
Talvez eu tenha medo.
Talvez eu sorria (falsamente), ou diga:
-Alô, insuportável!

O meu dia não foi bom, pode a noite descer.
(A noite e a Visita com seus sortilégios)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

Isso para que nada de ruim possa comentar
Nem seu veneno espalhar
E que da sua vida vá cuidar.

domingo, 30 de outubro de 2011

Um (re)Encontro

Queria te ver mais uma vez...
Só te ver. Te observar de longe.

Queria que você me visse,
Só me visse.

Depois de vermos tanto tempo passar,
Queria te ver mais uma vez,
Apenas para ver se você ainda se lembra
De quando eu te via todo o dia,
E eu...
Eu apenas... Você não me via.

Queria que você me visse,
Só me visse...

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Minhas Férias

Preciso de férias. De um tempo.
Preciso de um tempo para mim, mas sem mim. Preciso de férias de mim.
Quero sair, ir para algum lugar novo. Não sei para onde. E não me pergunte! Quero apenas ir... Qualquer lugar é melhor que aqui.
Na verdade eu não quero ir para um lugar desértico, onde eu possa passar o dia contemplando a beleza da inexistência, do nada.
Nada de spa de embelezamento mental.
Se pudesse escolher, iria para um lugar bem agitado, abalado violentamente por tremores de vida na Terra. Compromisso da manhã à noite. De madrugada à madrugada.
Qualquer coisa que ocupe minha cabeça de mim mesma. Chega de pensar tanto em mim mesma. Sobre mim.
Para mim.
Quero me esquecer um pouco, me dar um pouco de paz. Uma dose de amnésia pra minha preguiça. Preguiça de me olhar no espelho.
Já cansei da minha companhia. De ficar comigo. De conversar comigo. De estar comigo.
Estou de saco muito cheio de mim. Eu sou tão previsível...
Quero ficar sozinha com os outros. Que eu saia de mim. Chega de mim!
Cansei de mim.

sábado, 8 de outubro de 2011

Lira dos Dezoit'anos

Não sei o que quero,
Mas sei o que não quero.
Eu quero ter voz ativa,
No meu Destino mandar,
O mundo cresceu.
O tempo cresceu
A vida...
E o ponto de vista de uma vida
É o futuro e nada mais.
O Medo e a Coragem
De ser tudo e não ser nada ao mesmo tempo.
A dor de não poder ser.
O prazer de existir.
Não quero ser nada,
não posso ser nada,
À parte isso, tenho todos os sonhos do mundo:
Ter dinheiro
Para comprar um par de botas
E um Ray Ban bem bonito,
Uma mala grande
Pra viajar pra Europa
E carregar a saudade do que foi,
Do que não foi,
De uma vida inteira
Que poderia ter sido,
Se foi ou não, não sei,
Mas será.

sábado, 1 de outubro de 2011

A Teoria do Choro

O choro é doloroso como o ato de morrer. Sofre-se com a dor do choro pois é o momento de desencarnação da tristeza.
Tirar da carne uma tristeza nunca é fácil... Chorar é o momento em que perde-se os pudores, desarma-se. Perde-se o medo, a vergonha, a coragem. Ao mesmo tempo, fortalece o coração, os pulmões ao assumir-se a dor e sentir o alívio da aflição. Angústia vai embora com a água da lágrima. O sabor salgado da lágrima quando toca a língua imediatamente é sentido pela alma e codificado pelo cérebro como pacificação interior. Perde-se o medo do medo. De si mesmo.
Após o choro, morre-se na escuridão. Misericórdia Divina acolhe. Os olhos cansam, pegando fogo. Fica difícil de tentar respirar. O corpo não responde pois perdeu as forças.
O choro não cura.
Não cura, mas salva.
Acostuma-se com a dor após chora-la. Muitas vezes até descobrem que ela nem era tão grande e problemática assim. Ou era.
Após isso, ela pode ser enfrentada ou esquecida. Para desta forma então ser curada.