quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Novos contos românticos

E então ele olhou profundamente em seus olhos, segurou sua pequena mão e disse:
-Eu te amo.
Ela ficou estupefata. Ensaiou palavras em sua boca, mas nenhuma parecia servir. Sentiu seu estômago enjoar. Torceu o rosto assustada:
-Err...Hum, obrigada.


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O telefone tremia em suas mãos. Ela estava demorando demais para atender. Aquele som parecia uma eternidade. Sentou-se no parapeito da janela sentindo o vento no rosto. Olhou para baixo e viu as pessoas miúdas caminhando calmamente lá embaixo.
Ele já estava decidido.
-Atenda. Por favor.
As primeiras lágrimas escorreram por seu rosto.
-Alô?!
-POR FAVOR, MEU BEM! NÃO FAÇA ISSO COMIGO! NÃO ME DEIXE DESAMPARADO NESSE MUNDO!POR FAVOR! VOLTE PARA MIM! VOLTE! EU TE IMPLORO, VOL...!
-Quem tá falando?
-Sou eu, minha querida! Sou eu! Eu vou me jogar da janela se você não voltar para mim! Eu vou me matar! Vou! Não posso viver sem você, Carmem!
-Perdão, mas... Aqui não mora nenhuma Carmem. Eu moro sozinho. Aqui não tem ninguém com esse nome.
-Ahn... Desculpa, foi engano.


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-Hoje já te disse que eu te amo?
-Não... Ainda não...
Seus olhinhos brilharam na esperança.
- Ah, tá. Só pra confirmar.


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Ela veio em sua direção. Levantou a blusa.
-Amor, você acha que eu estou gorda?
Ele a olhou. Analisou. Raciocinou. Fez alguns cálculos mentais.
-Sim. Está.


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Ela tentava segurar o choro. Era difícil suportar o fim.
-... mas é só por isso que eu acho melhor nós terminarmos. - ele disse - O problema é com você, não comigo. Mas nós ainda podemos continuar a ser amigos.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Uma nova proposição sobre a Loucura

ou
O QUE SE PASSA EM MINHA CABEÇA DURANTE A AULA DE FÍSICA


Certamente a Loucura é encontrada por nós, num momento de lucidez tão profunda e tão plena que, acabamos por não suportar tais fatos em tamanha profusão que
então enlouquecemos.

sábado, 12 de novembro de 2011

Uma lição de Sabedoria

Se eu pudesse te dar um conselho para a vida, certamente seria esse:
Abre aspas,
Não siga um conselho meu. Em hipótese alguma.
Fecha aspas.

Boa vida.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Desparnasiando

Estou farta de vida parnasiana. De vida lógica. De apenas vida pela vida.
Que todo o Olimpo me condene por isso, por ser filha ingrata ao ter uma vida pacata e ainda assim, desgostar da paz, da calmaria, de ver a vida passar, de apreciar a estética das paredes...
Na verdade, eu não tenho paz. Não agüento mais declamar meu tédio em rotineiros versos decassílabos, rimas ricas que escondem a pobreza da mão que escreve. A sujeira por debaixo das unhas, essas que não conseguem ser limpas. A sujeira sempre varrida para debaixo do tapete...
Inconstitucionalissimamente eu devo dizer: cansei! Que tal declaração seja contra os bons costumes, os sarais de piano, os chás da tarde. Cansei!
Tenho fetiches por gente, não por vasos chineses de porcelana.
Cansei de cotidiano. De dormir e acordar por uma mesma razão, para que eu não me julgue louca ao tentar transformar um soneto em um tango, para ter de ficar buscando um sentido lógico para a vida. Cansei!
Quero apenas que a minha vida não faça mais tanto sentido.
Surpreenda-me, vida!

domingo, 6 de novembro de 2011

O Amor

O Amor é aquilo de quando a gente consegue usar do Mal até pra fazer o Bem.

O Medo em sua forma mais primitiva

Sabe uma coisa que mete medo? Medo de verdade?
O Futuro. O Medo em sua forma mais primitiva, na sua perspectiva inexistente.
A incerteza sobre a incerteza. A falta de chão. A falta de certezas.
A falta de criatividade até mesmo para imaginar como "poderia ser"... Sem coragem até mesmo para se iludir por medo de não ser como se imagina.
A falta de certezas.
O risco por algo incerto. A aposta feroz em algo que não se sabe se dará certo. Deixar-se levar pelo destino. Perder as poderosas escolhas. Seguir um caminho simplesmente para continuar.
A crença irrefutável naquilo que não se tem certeza. Ter que se convencer com as coisas incertas, talvez inexistentes. Talvez ilógicas.
Confiar na Desconfiança e desconfiar da Confiança.
E, principalmente, perder o controle. Daí o Medo.
Viver para sobreviver. Tremer no passo seguinte.
Hesitar e assim mesmo se arriscar.