Você já sentiu ódio de si próprio? Nojo de si próprio? Com vergonha de si mesmo? Com medo de si mesmo?
Assustado com seus próprios segredos?
Temeroso com que seus olhos podem ver? Temeroso quanto ao que seus ouvidos podem ouvir? E principalmente quanto ao que sua boca vai falar?
Você já sentiu vontade de chorar de raiva?
Houve um momento em sua vida em que você não pôde mais suportar o mundo em suas costas? Houve um momento em sua vida em que você quis apenas ser deitado e aconchegado, em qualquer lugar que fosse? Houve um momento em sua vida em que você quisesse apenas sair para dar uma volta e tomar ar puro?
Você já procurou respostas que não encontrou? Você já acreditou em alguma coisa apenas porque fazia sentido? Você já amou?
Já teve tremor nas pernas? Já teve frio na barriga? Já teve o coração disparado?
Você já caiu?
E levantou?
Cegou-se pela escuridão? E pela luz?
Não soube o que fazer da vida? Sabe o que fazer pela vida? Sabe o Significado da Vida?
Você não se encara quando se olha no espelho? Por medo do que pode ver ou por medo de se apaixonar? Você tem medo de quê, a propósito? Tentou fugir de si mesmo?
Você já teve aversão por quem você deveria amar? Você já se perguntou o porquê disso?
Já se sentiu sozinho? Já sentiu a solidão? Já sentiu compaixão? Já sentiu paixão por quem não devia?
E por que não devia?
Acredita no pecado? Acredita no Amor? Com quantas pessoas você se sente especial? Quem são elas? Quem são as que você se sente desgraçado?
Acredita no Perdão?
Prefere a imperfeição? Prefere sangue, suor ou lágrimas? Prefere a dor ou a delícia de ser o que é?
Se você não fosse você, quem você seria?
-Quem é você? - perguntei à mim mesma.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Toddy e Tédio
Escrevo em nome do assassinato do Tédio.
Não há muitas opções do que fazer a essa hora (00:59 mais precisamente). E eu estou sem sono. Pois é, nada que um remedinho não resolvesse, mas não sou pró-remédios pra dormir. Não gosto de remédio. De nenhum tipo, gênero, classe ou finalidade.
Mas sabe, escrever faz com que o tempo passe mais rápido. Não sei se isso servirá especificamente para hoje, mas normalmente dá certo.
Normalmente não é sempre, terei isso em mente. Vamos vivenciar as possibilidades...
Os dias passam devagar quando eu quero que eles corram. E quando quero que o tempo pare, aí sim ele voa. Por que isso acontece?
Mas chega de discutir as condições do Tempo.
Por que o céu é azul? Por que quando eu preciso de criatividade ela não aparece?
Isso é uma coisa cruel: ter de ficar sozinha com a Realidade. Me faz mal, me desgasta ter de ficar olhando para alguma coisa e não conseguir observa-la.
Fico apreciando o silêncio das paredes brancas. Com minha cabeça no branco.
Aquela velha história do som constrangedor do silêncio. Assim nasce o Tédio!
Na verdade, eu acho que o Tédio surge quando fico sozinha na companhia de mim mesma por um longo período de tempo. Fico completamente previsível nesse relacionamento. Aí fica chato. E fico então tão entediada porque já esgotei todas as possibilidades de me agradar.
Eu deveria ter comprado um livro. Pelo menos me distrairia um pouco...
Gosto muito de ler. Quer me ver feliz é me dar um livro de presente. Mas livro bom, por favor! Tenha misericórdia!
Olha, até bolei um versinho:
"Rosas são vermelhas,
Violetas são azuis,
O açúcar é doce
E isso aqui não vai rimar..."
E agora estou cantando uma música que eu gosto. Canto mal. Mas tô sozinha.
Estou com vergonha de mim mesma de tentar me animar de um jeito tão imbecil...
Por que eu tenho que me prestar a isso?
Não é que eu não tenha nada para fazer, eu tenho é muita coisa pra fazer. Todavia, não estou afim de executar nenhuma delas. Sim, sou discípula do pecado da protelação.
E preguiçosa ao extremo com coisas que não me agradam. Essa regra vale para pessoas também.
Quanto menos se faz, menos se quer fazer. E assim infinitamente.
Começou a chover.
Continuo a me perguntar o porquê das coisas.
Quanto mais eu tento encontrar as respostas proporcionalmente mais me enrolo nas perguntas. Quanto mais chafurdo nas respostas, mais me enlameio nas perguntas.
Péssima. Ponto.
Só sei que nada sei.
Sei de uma coisa interessante e quero compartilhar. As pessoas adoram dar pitaco na sua vida. Numa mistura de alerta e intimidação. Não na mesma proporção, obviamente. E elas gostam de dar opiniões principalmente quando você não as pede.
Quase uma lei da Física isso!
Não sei nada de Física, melhor ficar quieta... Não sei nada de Física, nunca saberei nada de Física, a parte isso tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Tenho muitos sonhos. Grande parte deles de grande dificuldade de realização, mas eu não deixo de acreditar não.
Esse é o problema. Eu absolutamente não consigo perder a esperança. Já tentei muitas vezes. Mas não consigo. Ela fica agarrada em mim. Fico sofrendo com a Ilusão.
Tenho até esperança de o Tédio acabar um dia nesse planeta e todos sermos felizes infinitamente com muitas coisas deleitosas e cheias de cor. Um mundo em que o tempo passe num devido equilíbrio... E que não se sofra de insônia. Nem de ansiedade. Nem de preguiça.
Ainda estou sem sono.
Desculpe se te entediei. Vou tentar me redimir!
Já que estamos falando de deleite, vá tomar um Toddy.
Tu-rum-tss!
Não, não é um trocadilho. Ai, por favor, eu sou melhor que isso!
Mas ficou engraçadinho, admita. Dei até uma risadinha com a coincidência...
Mas olha, dizem que Toddy faz passar o Tédio. Cura.
Mas não posso confirmar a informação.
Não gosto de Toddy.
Não há muitas opções do que fazer a essa hora (00:59 mais precisamente). E eu estou sem sono. Pois é, nada que um remedinho não resolvesse, mas não sou pró-remédios pra dormir. Não gosto de remédio. De nenhum tipo, gênero, classe ou finalidade.
Mas sabe, escrever faz com que o tempo passe mais rápido. Não sei se isso servirá especificamente para hoje, mas normalmente dá certo.
Normalmente não é sempre, terei isso em mente. Vamos vivenciar as possibilidades...
Os dias passam devagar quando eu quero que eles corram. E quando quero que o tempo pare, aí sim ele voa. Por que isso acontece?
Mas chega de discutir as condições do Tempo.
Por que o céu é azul? Por que quando eu preciso de criatividade ela não aparece?
Isso é uma coisa cruel: ter de ficar sozinha com a Realidade. Me faz mal, me desgasta ter de ficar olhando para alguma coisa e não conseguir observa-la.
Fico apreciando o silêncio das paredes brancas. Com minha cabeça no branco.
Aquela velha história do som constrangedor do silêncio. Assim nasce o Tédio!
Na verdade, eu acho que o Tédio surge quando fico sozinha na companhia de mim mesma por um longo período de tempo. Fico completamente previsível nesse relacionamento. Aí fica chato. E fico então tão entediada porque já esgotei todas as possibilidades de me agradar.
Eu deveria ter comprado um livro. Pelo menos me distrairia um pouco...
Gosto muito de ler. Quer me ver feliz é me dar um livro de presente. Mas livro bom, por favor! Tenha misericórdia!
Olha, até bolei um versinho:
"Rosas são vermelhas,
Violetas são azuis,
O açúcar é doce
E isso aqui não vai rimar..."
E agora estou cantando uma música que eu gosto. Canto mal. Mas tô sozinha.
Estou com vergonha de mim mesma de tentar me animar de um jeito tão imbecil...
Por que eu tenho que me prestar a isso?
Não é que eu não tenha nada para fazer, eu tenho é muita coisa pra fazer. Todavia, não estou afim de executar nenhuma delas. Sim, sou discípula do pecado da protelação.
E preguiçosa ao extremo com coisas que não me agradam. Essa regra vale para pessoas também.
Quanto menos se faz, menos se quer fazer. E assim infinitamente.
Começou a chover.
Continuo a me perguntar o porquê das coisas.
Quanto mais eu tento encontrar as respostas proporcionalmente mais me enrolo nas perguntas. Quanto mais chafurdo nas respostas, mais me enlameio nas perguntas.
Péssima. Ponto.
Só sei que nada sei.
Sei de uma coisa interessante e quero compartilhar. As pessoas adoram dar pitaco na sua vida. Numa mistura de alerta e intimidação. Não na mesma proporção, obviamente. E elas gostam de dar opiniões principalmente quando você não as pede.
Quase uma lei da Física isso!
Não sei nada de Física, melhor ficar quieta... Não sei nada de Física, nunca saberei nada de Física, a parte isso tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Tenho muitos sonhos. Grande parte deles de grande dificuldade de realização, mas eu não deixo de acreditar não.
Esse é o problema. Eu absolutamente não consigo perder a esperança. Já tentei muitas vezes. Mas não consigo. Ela fica agarrada em mim. Fico sofrendo com a Ilusão.
Tenho até esperança de o Tédio acabar um dia nesse planeta e todos sermos felizes infinitamente com muitas coisas deleitosas e cheias de cor. Um mundo em que o tempo passe num devido equilíbrio... E que não se sofra de insônia. Nem de ansiedade. Nem de preguiça.
Ainda estou sem sono.
Desculpe se te entediei. Vou tentar me redimir!
Já que estamos falando de deleite, vá tomar um Toddy.
Tu-rum-tss!
Não, não é um trocadilho. Ai, por favor, eu sou melhor que isso!
Mas ficou engraçadinho, admita. Dei até uma risadinha com a coincidência...
Mas olha, dizem que Toddy faz passar o Tédio. Cura.
Mas não posso confirmar a informação.
Não gosto de Toddy.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
O Lar
-Mãe, a gente é rico?
-Não filha, a gente é louco.
-Mãe, por que a gente é louco?
-Porque a gente ainda acredita no Amor nesse mundo do jeito que tá...
-E tem problema ser louco, mãe?
-Claro que não, filha. É até melhor...
-Não filha, a gente é louco.
-Mãe, por que a gente é louco?
-Porque a gente ainda acredita no Amor nesse mundo do jeito que tá...
-E tem problema ser louco, mãe?
-Claro que não, filha. É até melhor...
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
A pedra, o caminho e coisa e tal
Havia uma pedra no meio do caminho.
No meio do caminho havia uma pedra.
Parei.
Olhei.
Ela não se moveu.
E então continuei meu caminho.
No meio do caminho havia uma pedra.
Parei.
Olhei.
Ela não se moveu.
E então continuei meu caminho.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
A Eugênia
Eugênia não brinca em serviço não.
Eugênia sempre levanta logo que o despertador toca pela primeira vez. Alonga o pescoço e as pernas. E já se põe de pé. Arruma a cama logo em seguida.
Toma banho, toma o chá com mel, escova os dentes.
Sempre sabe que roupa vai colocar. Eugênia não é indecisa. Quando resolve não volta atrás e não admite ter que fazer isso quando necessário.
Eugênia sai de salto pela rua e não vira o pé. Não se machuca nem tem dores nos joelhos no final do dia. Caminha à passos largos e leves. Faça calor, faça frio. Chuva ou Sol.
Deseja "bom dia" para todos que encontra no corredor. E é um "bom dia" daqueles sinceros. Raridade!
Eugênia é constante. Não se abala por besteira. É equilibrada.
Fala pouco. Ouve mais do que fala.
Analisa antes de falar. Só abre a boca quando tem certeza absoluta.
Eugênia é inteligente além de esperta.
Eugênia é bonita além de inteligente e esperta.
Seu cabelo está sempre penteado, suas roupas sempre engomadas, os sapatos sempre lustrosos.
Não se deixa levar pelas emoções.
Eugênia só se emociona quando vai ao teatro. Ou ao cinema. Isso normalmente às sextas-feiras.
Eugênia quase voa!
Eugênia quer, Eugênia faz. É um trator. Quando quer descansar, vai carregar pedras. Escreve o relatório, a pauta, datilografa a carta, monta a planilha.
Disciplinada.
Chega o fim do dia e Eugênia não está cansada. Depois de um dia louco de trabalho, ela ainda sorri. Não tem dor nos pés, nem nas costas. Senta sempre na postura correta.
Volta pra casa. Sobe todos os oito lances de escada porque é mais saudável que o elevador, certamente.
Troca o salto por um chinelo confortável, não anda descalça no piso frio da sala.
Faz sua própria comida, com vegetais frescos. Sem agrotóxicos, todos orgânicos.
Mastiga em média trinta vezes antes de engolir.
Lava a louça em seguida. Pois é.
Admirável. Assiste ao Jornal Nacional. Toma outro banho rápido e veste a camisola de seda fresca.
Lê algumas páginas de um bom livro antes de se deitar.
Deita e dorme sem demora. Dorme sempre bem e nunca tem pesadelos. Insônia nem sabe do que se trata.
Eugênia dorme de sutiã.
Pergunto-me como ela consegue.
Eugênia, em que mundo você vive?
Seu reino não deste mundo, não é, Eugênia?
Porque, sinceramente, dormir de sutiã é impossível!
Eugênia sempre levanta logo que o despertador toca pela primeira vez. Alonga o pescoço e as pernas. E já se põe de pé. Arruma a cama logo em seguida.
Toma banho, toma o chá com mel, escova os dentes.
Sempre sabe que roupa vai colocar. Eugênia não é indecisa. Quando resolve não volta atrás e não admite ter que fazer isso quando necessário.
Eugênia sai de salto pela rua e não vira o pé. Não se machuca nem tem dores nos joelhos no final do dia. Caminha à passos largos e leves. Faça calor, faça frio. Chuva ou Sol.
Deseja "bom dia" para todos que encontra no corredor. E é um "bom dia" daqueles sinceros. Raridade!
Eugênia é constante. Não se abala por besteira. É equilibrada.
Fala pouco. Ouve mais do que fala.
Analisa antes de falar. Só abre a boca quando tem certeza absoluta.
Eugênia é inteligente além de esperta.
Eugênia é bonita além de inteligente e esperta.
Seu cabelo está sempre penteado, suas roupas sempre engomadas, os sapatos sempre lustrosos.
Não se deixa levar pelas emoções.
Eugênia só se emociona quando vai ao teatro. Ou ao cinema. Isso normalmente às sextas-feiras.
Eugênia quase voa!
Eugênia quer, Eugênia faz. É um trator. Quando quer descansar, vai carregar pedras. Escreve o relatório, a pauta, datilografa a carta, monta a planilha.
Disciplinada.
Chega o fim do dia e Eugênia não está cansada. Depois de um dia louco de trabalho, ela ainda sorri. Não tem dor nos pés, nem nas costas. Senta sempre na postura correta.
Volta pra casa. Sobe todos os oito lances de escada porque é mais saudável que o elevador, certamente.
Troca o salto por um chinelo confortável, não anda descalça no piso frio da sala.
Faz sua própria comida, com vegetais frescos. Sem agrotóxicos, todos orgânicos.
Mastiga em média trinta vezes antes de engolir.
Lava a louça em seguida. Pois é.
Admirável. Assiste ao Jornal Nacional. Toma outro banho rápido e veste a camisola de seda fresca.
Lê algumas páginas de um bom livro antes de se deitar.
Deita e dorme sem demora. Dorme sempre bem e nunca tem pesadelos. Insônia nem sabe do que se trata.
Eugênia dorme de sutiã.
Pergunto-me como ela consegue.
Eugênia, em que mundo você vive?
Seu reino não deste mundo, não é, Eugênia?
Porque, sinceramente, dormir de sutiã é impossível!
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