sábado, 23 de outubro de 2010

Boêmia

Meus olhos bebem
Cada gota do papel.
Sinto em cada estrela
Do meu céu da boca
O sabor acridoce das letras.
Sua força
Queima minha garganta
A cada sílaba
Que pulsa embriagada de paixão em meu coração,
Logo levadas pela artéria já corroída,
Pela respiração
Intoxicada de poesia.
Abraçam-me o cérebro,
Onde encontram-se para bailar
Ao rítmo dramático do tango
Surdo.
Entorpecem-me, enlouquecem-me,
Incendeiam-me!
Tiram-me os pudores,
Às vezes me fazem chorar...
Embriagadas,
Palavras dionisíacas,
Baixam o nível trançando as pernas
Pelos meus braços
E excitam-me,
E escorrem por meus dedos
Como vinho espumante espalhado
De uma taça espatifada!

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Existências

Minutos.
Esse é o nosso tempo adaptado ao infinito para representar nossas existências.
Almas eternas. Existimos sempre, e para sempre.
Mas cada existência é única. Cada experiência de vida é única. Cada passo, cada respiração, cada batida do coração é única.
Vivemos o eterno presente, sempre em busca de um futuro inexistente do infinito.
O passado é marcado em cada uma de nossas impressões digitais. Nossas células, o DNA, os núcleos, prótons e elétrons vibram nossa história impregnada. Nossa alma, nossa palma.
Minuto à minuto, segundo à segundo. Milésimos de segundo à milésimos de segundo.
Estas são nossas existências. Dramas e paixões descritos pela linguagem invisível. A luta eterna para aproveitar cada segundo.
A busca interminável pela perfeição a cada impulso nervoso de nosso templo vindo vindo do ímpeto de nossa centelha divina, que coordena o motor das razões e emoções desvairadas, dona de nossos atos.
Milésimos de segundo e não ainda descobrimos o verdadeiro potencial. Somos seres mais que imperfeitos. Não sabemos de nossos poderes.
Muitos passaram toda sua existência sem conhecer e negá-los.
Isso não é existir. Isso não é ser. Somos criaturas divinas, oras!
Todos os minutos desperdiçados.
Onde se foi parar o principio da sensibilidade dos seres?
Não esteja apenas, exista. Seja infinito, não sabeis que sois deuses?
Deuses não possuem medida de tempo em sua existência.
São mais que infinitos.
Deuses são eternos.