quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Desparnasiando

Estou farta de vida parnasiana. De vida lógica. De apenas vida pela vida.
Que todo o Olimpo me condene por isso, por ser filha ingrata ao ter uma vida pacata e ainda assim, desgostar da paz, da calmaria, de ver a vida passar, de apreciar a estética das paredes...
Na verdade, eu não tenho paz. Não agüento mais declamar meu tédio em rotineiros versos decassílabos, rimas ricas que escondem a pobreza da mão que escreve. A sujeira por debaixo das unhas, essas que não conseguem ser limpas. A sujeira sempre varrida para debaixo do tapete...
Inconstitucionalissimamente eu devo dizer: cansei! Que tal declaração seja contra os bons costumes, os sarais de piano, os chás da tarde. Cansei!
Tenho fetiches por gente, não por vasos chineses de porcelana.
Cansei de cotidiano. De dormir e acordar por uma mesma razão, para que eu não me julgue louca ao tentar transformar um soneto em um tango, para ter de ficar buscando um sentido lógico para a vida. Cansei!
Quero apenas que a minha vida não faça mais tanto sentido.
Surpreenda-me, vida!

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