segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Reação do Tempo



É uma sensação estranha. A mente fica um tanto confusa. É estranho quando o tempo começa a mudar, e o Futuro começa a absorver o Presente. O Futuro lentamente joga suas garras sobre o Presente, de um modo piedoso, entretanto assustador. Vai arranhando-o e despedaçando-o sem que se perceba, de modo indolor. Sente-se um líquido quente escorrer pelas costas, algo aterrorizante seu fim, porém de uma beleza que apenas as mais elevadas e iluminadas almas podem compreender.
 Mas não se pode gritar, nem definir com precisão de que se trata.
Apenas é sabido que não é algo normal. A mudança é sentida, mas não é racionalmente constatada. Em outras palavras, tem-se a noção de que algo está acontecendo, mas não se sabe ao certo o quê. É uma questão de intuição e um tanto de resignação.
 E assim os pedaços de Presente, aqueles dilacerados anteriormente, começam a cair delicadamente. Quando tocam o chão e as almas, iniciam-se em um ritual único, onde as cinzas do Presente tornam-se Passado e desaparecem do mundo físico. De modo algum deixam de existir, muito pelo contrário: passam a habitar paraísos onde podem descansar após sua missão já plenamente cumprida, deixando apenas sua lembrança agridoce nas memórias dos corações.
Em seguida, os fluídos do Futuro dominam essa aura e condensam-se em uma nova crosta fina e brilhante. E assim tornam-se Presente por sua vez. De acordo com o passar do tempo e com o contato com gases e situações presentes na atmosfera, essa casca torna-se mais densa e porosa, de forma que, na próxima vez que o Futuro chegar, ela estará pronta para ser absorvida quando os sonhos começam a se tornar realidade... Estando o detentor desses pronto ou não.
De forma cíclica e indefinidamente. 




Nenhum comentário:

Postar um comentário