quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Eu existo!

Não sou política, mas sim poética;
Não sou protocolar, mas sim pessoal;
Não sou apenas uma presença, mas sim uma paixão;
Não sou perfeita, mas sim preocupada;
Não sou ponderada, mas sim polêmica;
Eu persisto;
Eu existo!

terça-feira, 10 de setembro de 2013

A mudança

Estou no meio.

No meio de uma mudança.
Eu já devia de ser forte, mas ainda sinto-me frágil como uma criança.
O incômodo infindável de não conseguir se acostumar com o que trás uma transformação não planejada. Paradoxalmente como uma velha apegada.

Estou no meio.

Eu não sei lidar, não sei ao certo como jogar.
Sinto tanta culpa e ao mesmo tempo feita de tolo.
Perdi o controle.
Eu não sei nem ser firme, nem ser frágil. Nem ser esperta, nem inocente.

Estou no meio.

O meio é o olho do furacão.
Deve-se ser a mudança que se quer ver.
Não sei ser o que realmente devo ser.
Se é que devo de ser...

Estou no meio.

A mudança inesperada é o princípio da dúvida.
Que devo eu fazer com o destino novo em minhas mãos?
Tenho apenas duas
E todo o medo do mundo....

Estou no meio.

Olho o passado tentando buscar respostas para o presente.
Tento olhar o futuro para buscar esperanças para o presente.
Mas nada consigo enxergar na bagunça das caixas e de tudo o que mais amo empacotado
Pois não quero deixar nada que estimo para trás.

Estou no meio.

Fica a saudade.
Um apego confortável a realidade.
Se até as estações mudam,
Como eu não consigo mudar?

Estou no meio.

Se tudo é novo
Como vou saber em que devo confiar?
Deus? Mãe? Freud?
Drogas psicotrópicas para amortecer e acalmar?

Estou no meio.

A trajetória até o fim da mudança
É confusa e sofrida.
Devo libertar quase tudo que acredito
Para resignar-me ao que o orgulho não me deixa ver.

Estou no meio.

Nada permanece, exceto a mudança.
Tudo muda nesse mundo.
Mudança é progresso
E o inteligente é aquele que sabe adaptar-se a elas.

Estou no meio.

Temem que as coisas nunca mudem.
Eu confesso que temo a mudança.
Tudo mudou.
Menos eu, que não consigo fazê-lo.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Sobre homens e ratos

...E então ele levantou-se lentamente e veio em minha direção.
Senti-me contraído por todos meus músculos.
E então ele olhou nos meus olhos, com raiva, desafiando-me, e perguntou de forma ameçadora:
- Você é um homem ou um rato?
Ratos não correm em diagonal, vão rápidos e faceiros pelos cantos do cômodo, amedrontados, pelos rodapés das paredes...
Eu sabia que era o mais fraco de todos ali presentes, isso era evidente. O menor. O sem-coragem. Mas eu era tanto assim ao ponto de ser taxado de rato?
Sim. E fiquei indignado por ser visto assim. Ora, eu não era tão ruim assim...!
Mas, pela primeira vez, passei a considerar a hipótese de eu ser um homem.
Quiçá eu não fosse mesmo?

Então, estufei meu peitinho infantil e magro e bradei:
- Um homem!
Fiz isso o mais rápido que pude para que ele não percebesse que eu tinha parado para pensar na resposta. Mas não olhei nos olhos de ninguém ao redor quando o respondi. Ainda sentia-me tenso. Tive medo que eles percebessem que eu poderia estar mentindo...
Eu estaria de fato mentindo?
Para eles ou para mim mesmo?
O medo me abateu novamente e senti-me um rato.
Eu era um homem ali engaiolado correndo numa rodinha de metal? Correndo sem sair do lugar...

Ainda em pose de coragem e com uma sobrancelha arqueada para dar mais ênfase de caricatura na minha resposta, desviei minha visão para poder ver os olhos que me encaravam naquele momento.
Percebi que de certa forma, eles acreditavam em mim.
E eu acreditei que seria muito mais do que eu merecia.
Mais do que eu acreditava em mim propriamente.

Talvez olhassem para o meu futuro e profetizavam-me como homem.
Teria o intuito daquela pergunta me provocar? Aquelas coisas de psicologia reversa... Me motivar por meio de uma provocação para que provasse para ele que eu não era rato coisa nenhuma.
De certa forma, deu certo. Quem quer ser um rato?

Era eu mais complexo que um rato? Poderia ter eu a concepção de ser um ser racional? Construí as pirâmides do Egito e a Grande Muralha da China. Toda a minha força, minha vontade, minha coragem que eu ainda poderia desdobrar a dominar o mundo como um deus... Não sabeis que sois deuses? Um espírito infinito? Imortal!
Estufei meu peito agora como se fosse Hércules! O poder e a força dos Homens passadas por todas as eras para que eu possuísse-as!

Estava quase me sentido um pregador do Antropocentrismo quando percebi.

O homem tem medo de rato. Musofobia. Minha divindade acabou-se repentinamente.
Era eu então um rato. E dos bons.

De fato, eu tinha um certo medo de ratos...

Eu detinha a força, mas não sabia como usá-la. Toda a inteligência e a esperteza pode ser derrubada rapidamente pelo golpe mais simples e baixo.

O medo. Mais primitiva e animalesca parte de mim.

Um grande rato eu era? Um pequeno homem?

-O que é que foi? Por que esse silêncio? ME RESPONDE!
Desviei meus olhos para o chão, consciente de minha situação:
-Todo homem é rato. - disse.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Um dia ruim

Nada como uma fim de tarde de quarta-feira
com uma chuva gélida caindo nas costas.

Já não basta ter esquecido o guarda-chuva em casa,
o grande ônibus precisa passar pela poça d'água na sarjeta
e me molhar inteiro...

terça-feira, 9 de abril de 2013

Sentimento do mundo grande

(em homenagem à Drummond)

Cheguei aqui tendo apenas duas mãos
e o sentimento do mundo.
O mundo meu.
Mas hoje, ainda aqui,
vejo que o mundo não é meu,
não, meu coração não é maior que o mundo,
É muito menor.
E eu preciso de alguém
para ir de mãos dadas.

A tempestade

Os trovões dão o tom de fúria em descompasso. A chuva dança com força com o vento.
Me tomo de medo e de uma alegria súbita. Tempestades me assustam e me encantam, são monstros adormecidos que violentamente vão acordando.
Sem eletricidade, apenas os relâmpagos iluminam-me numa fração de segundo.
Ela solta seus raios e trovões. Quero estar lá fora, sentindo-a. Mas sinto medo, muito medo.
Os rebentos ribombam dentro do meu peito. Ela vai nascendo aos poucos dentro de mim. Ela cresce no âmago. Amo-a e temo-a. Respeito. É uma divindade, não se pode compreendê-la como benigna ou maligna. Ela existe e só o que me resta é resignar-me à seu poder.
Sinto-me viva. Paro para observa-la e escutar tudo o que ela tem a dizer.
Ela é poderosa assim porque é inesperada, o que faz dela um ser extremamente autêntico. É o seu repente que a faz grandiosa: rapidamente forma-se, rapidamente acontece e mais rapidamente ainda vai embora.
Deixa sua marca e seus restos, não se sabe se é raiva ou piedade. Às vezes acho que ela é tão sábia causando toda a destruição para que possamos então nos reconstruir melhores e mais fortes.
A tempestade impõe-nos respeito e mérito: qualquer um que saia ileso à ela é considerado herói por seus próprios méritos, pois já mostra-se um ser forte por natureza.
As suas gotas arrebentam nos vidros, estralam e param por uma fração de segundo. Escorrem e derretem-se lentamente. E então, tudo vira uma pintura Impressionista no lado de fora do vidro para quem vê do lado de dentro. Arte da Natureza e tudo se desvirtua do caminho inicial.
O traço da gota que escorre lentamente pelo vidro e eventualmente tem seu caminho delicado desviado pelo vento violento e entorta-se possuído pela falta de controle sobre si.
Tudo se desvirtua do seu caminho e tudo se molha, derrete e se desfaz. Toda linha reta fica torta à seu sadismo.
Mesmo estando protegida, sinto-me desamparada durante uma tempestade. Tudo ao redor silencia-se em suas próprias coragens egoístas. Tudo ao redor silencia-se para ouvi-la e para tentar se proteger e se esconder dela.
Mais um trovão bate no infinito e o rompe. Onde é que seu eco vai parar?
Quando é que ela vai parar?
Não, eu não posso controla-la. Não posso controlar o infinito.
Não posso sequer me controlar...

domingo, 3 de março de 2013

Certeza

Eu sei que a dúvida é consequência da surpresa,
ainda mais num momento de não tão belos detalhes em riqueza...
Mas deixe de lado essa falta de beleza,
com seus dedos cheios de magreza
pegue minha mão com leveza.
Sua respiração que se move com delicadeza,
e com essas suas pernas com falta de firmeza
venha até mim apenas com uma certa moleza,
neste momento não há porque se fazer de frieza,
esconda toda a vida e toda a dureza
esqueça toda a pobreza
com seu sorriso de alegria acesa.
Sei que você sentiu o mesmo em tamanha profundeza.
Venha pra cá com toda sua miudeza.
Na forma de sutileza,
traga-me sua pureza
e seu coração com sua ainda não-descoberta nobreza,
deixa eu ser sua fortaleza,
deixa eu afastar sua tristeza,
deixa eu mostrar sua grandeza.
Vejo-nos para sempre com tanta clareza,
e mesmo que isso cause tanta estranheza,
apesar daquele momento ter sido de tanta breveza
te prometo realizar uma grande proeza:
deixe eu ser apenas, nada a mais e nada a menos, que sua certeza.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Árvore genealógica

Se meu bisavô não tivesse vindo da Áustria para cá,
que não via necessidade em tomar banho todo o dia porque não era 'luxento',
ele então não conheceria minha bisavó aqui no Brasil,
e eles não teriam tido meu avô como filho.
E se meu avô não tivesse desistido de ficar com suas cinco namoradas,
para ficar com a sexta que era a minha avó,
ela não teria vindo de São Paulo para o interior para viver com ele,
quando lhe enviou uma carta dizendo que 'casar-se-ia' com ela.
Isso porque ele ainda a amava,
mesmo depois de ela ter recusado um beijo dele dentro do carro na porta de casa.
Se isso não tivesse acontecido,
minha avó teria se formado.
Se eles não tivessem se conhecido, minha mãe não teria nascido...

Se minha bisavó Clélia não tivesse querido ter seu filho,
mesmo ele não sendo legítimo por parte de pai,
mas nada disso ocorreria se meu bisavô não tivesse vindo da Itália,
Meu avô não teria existido.
E ele não teria conhecido minha avó,
e meu pai e meus tios não teriam existido.
E se eles não tivessem rodado por
Presidente Wenceslau, Tatuí, Cruzeiro e provavelmente algumas outras cidades
pra voltar pro interior no fim das contas,
meu pai não teria voltado pra lá depois de ter se divorciado da sua primeira esposa.

Se meu avô materno não tivesse deixado minha mãe ir morar em São Paulo quando ela fez dezoito anos,
se ela não tivesse feito faculdade,
se ela não tivesse acabando de morar sozinha,
e não poder arcar com o aluguel
e ter que voltar também para o interior,
ela não teria encontrado meu pai.

E se eles não tivessem se encontrado,
eles não teriam ficado juntos
e
no fim das contas, pra resumir a história,
eu, infelizmente, não existiria...


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Resignação

do Michaelis
resignação
re.sig.na.ção
sf (resignar+ção) 1) Ato ou efeito de resignar ou resignar-se. 2) Cedência voluntária. 3) Demissão voluntária da graça recebida ou do cargo exercido; renúncia. 4) Sujeição paciente às amarguras da vida; conformação com a dor física ou moral; paciência no sofrimento.
de uma livre interpretação
aceitação com o coração, no coração, não apenas pelo que a lógica e a racionalidade oferecem.
o mais difícil.

a grande prova de confiança e fé naquilo que está ocorrendo é para um Bem Maior que se dará num futuro. 

A condição humana

Não, isso não é consolo. Mesmo parecendo desumano, a dor é de nossa condição humana.
Ela precisa ser sentida para que possamos apreciar o alívio em toda sua plenitude.
Assim como o medo, caros humanos. Sentimo-lo em momentos que sentimo-nos ameaçados.
O medo é nossa proteção. É a guarda para que minimizemos as besteiras que costumamos fazer. Típico também da condição humana.

Tão típico de nós...