Quando nasci, um anjo reto
Desses que vivem na luz
Disse: Vai, menina! É aquele ali que vai te cuidar...
E apontou pra um outro anjo
Ali ao lado,
Que voava meio torto
Porque tinha uma asa meio machucada
E umas penas faltando,
Mas eram asas gigantescas!
Tinha um sorriso debochado
E uma alegria no olhar
Como se já soubesse tudo da vida
E da minha vida.
Talvez, de fato, ele soubesse...
Talvez ele não soubesse de nada...
Ele não era do padrão típico de anjo
Isso eu já sabia.
Mas ele me passou tanta confiança...
Foi então que ele me confessou com muita sinceridade:
- Vem, menina!
E eu fui. Ele continuou:
- Quando eu nasci uma vez, um anjo torto
Desses que vivem na sombra
Disse: - Vai! ser gauche na vida.
Continuei observando-o sem entender muita coisa.
- Eu estou aqui - continuou ele - pra te ajudar
Porque você também vai ser gauche na vida.
Então eu perguntei:
-Quer dizer então que eu vou ser poeta também?
Então ele respondeu:
-Sim!
Ele me disse para não ser poeta de um mundo caduco
E para também não cantar o futuro
E para considerar a enorme realidade.
Fiquei muito assustada no começo.
Mas logo passou
Porque o tal anjo pegou minha mão e me levantou:
-Vamos de mãos dadas!
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